quinta-feira, abril 28, 2011

Salmo 6 - Crendo em Deus e em Suas promessas

É possível ver neste salmo um homem profundamente perturbado. Há aflição tanto no corpo como na alma. Davi experimentou o que tem sido a realidade de muitas pessoas hoje, cristãs ou não. Assim, percebemos o quanto a Bíblia é maravilhosa e atual. Ela fala ao homem de nossos dias, trazendo esperança e forças àqueles que não têm ânimo para orar.
A oração de Davi está alicerçada não em algo que possa realizar, mas, sim, na graça de Deus. “Sara-me por tua graça”, exclamou ele. A graça é favor imerecido, algo que não conquistamos. O primeiro passo, para a cura, é o reconhecimento da nossa debilidade e incapacidade para mudar nossa vida. Davi buscou a Deus, “ele se reanimou no Senhor, seu Deus”[1]. Não se trata de uma fé na “fé” ou uma crença no pensamento positivo, “eu vou mudar”. È fé na revelação do caráter de Deus. È fé baseada em quem Ele é. Por isso roga: “Volta-Te”. Repete, torna a fazer como antes. Vemos, então, que a intimidade com Deus não nos impede de sofrermos aflições. Esse é o ensino bíblico. Mas, também, só é possível passar pelas aflições e as vencermos se desfrutarmos a intimidade com o Senhor, sabendo que Ele está conosco e que o Seu bordão e o Seu cajado nos consolam. Só assim poderemos dizer: “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a Tua Palavra”[2].
Deus é Senhor imutável. Ele mesmo declarou: “Porque eu, o Senhor não mudo”[3]. Sabia Davi que seus adversários, os que praticavam a iniqüidade, não haveriam de prevalecer no juízo. E com esta certeza futura exclama: “o Senhor ouviu a voz do meu lamento, o Senhor ouviu a minha súplica”. Que possamos ter a mesma fé que Davi, crendo em quem Ele é e no que Ele diz.

[1] 1 Samuel 30.6
[2] Salmo 119.67
[3] Malaquias 3.6

segunda-feira, abril 25, 2011

NO CAMINHO DE EMAÚS - Lucas 24.13-35

Lucas registra em seu Evangelho uma das passagens mais bela e comovente acerca do Cristo ressurreto, cuja vitória sobre a morte celebramos hoje. Dois caminhantes na estrada de Emaús, que liga a cidade de Jerusalém a este pequena aldeia, num percurso aproximado de 12 km. Jesus se coloca no caminho com os discípulos trazendo um novo alento. Quero convidá-lo a refletir comigo nesta história, pois aprendemos que:
1. No caminho de Emaús encontramos discípulos entristecidos e frustrados. Quando Jesus se coloca a cominho na estrada com os discípulos, logo os interroga: "Que é isso que os preocupa e de que ides tratando a medida que caminhais?" Então, lemos: "Eles pararam entristecidos" (v. 17). A primeira observação a fazer é que Emaús é um lugar de tristeza. E esta tristeza revela a frustração daqueles homens: "Ora, nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir a Israel". O judeus estavam subjugados pelos romanos e havia uma uma grande expectativa que Jesus os libertasse. Mas Ele morreu! Parece que Deus falhou. Nada mudou! Ainda continuavam sob o domínio de Roma. Sim, Emaús é um caminho de tristeza e decepção. Quem de nós já não trilhou por ele? Quem aqui não caminhou por Emaús? Com tristeza e dor, com frustração e decepção? Nem sempre as coisas saem do jeito que planejamos ou sonhamos. E, assim, a tristeza nos invade e somos tomados pelo desânimo. E, muitas vezes, provoca mágoas e revolta. Por que Deus permite isso? Por que não mudou a minha sorte?
2. No caminho de Emaús encontramos discípulos com uma visão errada de Cristo e incrédulos. Interrogados por Jesus sobre quais fatos ocorreram nos últimos dias, respondem: "O que aconteceu a Jesus, Nazareno, que era varão profeta". Jesus viveu por três anos ensinando e mostrando quem Ele era: O Filho de Deus, o Deus humanado. João nos diz que Jesus fez muitos sinais para que pudessem crer que Jesus é o Filho de Deus e recebessem a vida eterna (João 20.30,31). No entanto, os discípulos de Emaús O viram apenas como varão profeta. Jesus não é um simples profeta, é Emanuel, Deus conosco! Eles estavam equivocados a respeito de Jesus, o Messias. Erraram por não compreenderem as Escrituras! E uma visão errada acerca de Sua pessoa os leva a uma visão errada de sua obra. Esperavam um libertador político. Não assim também em nossos dias? Muitos O vêem como alguém que resolve os nossos problemas, ajuda-nos a superar nos dificuldades e curar nossas enfermidades. Não O vêm como é, O Salvador, O Senhor, O Deus encarnado, Aquele que morreu na cruz para religar o pecador com o Seu Criador, para dar-nos o perdão! E por desconhecerem as Escrituras descrêem dos fatos da ressurreição (v. 25). A "fé" que não está fundamentada na verdade de Deus é incredulidade, leva-nos a tristeza e decepção.
3. No caminho de Emaús encontramos o Cristo ressuscitado. Somos informados que enquanto caminhavam, discutindo a respeito de todas as coisas sucedidas "o próprio Jesus se aproximou e ia com eles". Apesar da tristeza, frustração e da incredulidade dos discípulos, Jesus chega e caminha com eles, O Cristo ressuscitado se faz presente, transformando a tristeza em alegria, a decepção em vitória! A Sua presença aponta-nos para a veracidade das Escrituras pois tudo o que os profetas falaram sobre o Messias se cumpriu. Jesus venceu a morte! "Onde está, ó morte, a tua vitória?" A vida está em Jesus e Ele nos dá graciosamente. Ele mesmo afirmou: "Eu vim para que tenham vida". Não há motivo para pranto, dor e frustração, Cristo já ressuscitou!
A realidade do Cristo ressurreto no caminho de Emaús nos desafia. Nos desafia a proclamar o significado profundo que o túmulo vazio tem. Nos desafia a um viver coerente com a doutrina da ressurreição. Nos desafia a uma nova vida. Uma vida ressuscitada e uma mente transformada. Nos desafia a um viver segundo o poder da ressurreição!

terça-feira, abril 19, 2011

CRUZ VAZIA

Nós adoramos o Cristo, da cruz vazia!

VAZIA,

dos nossos pecados, porque Ele os levou sobre a cruz.

VAZIA,

das nossas dores, porque Ele a suportou por nós.

VAZIA,

dos preconceitos, porque ele os tirou.

VAZIA,

das nossas aflições porque Ele afirmou: tenham bom ânimo!

VAZIA,

da escravidão, pois Ele nos libertou.

VAZIA,

das injustiças, porque Ele se tornou nossa justiça, diante de Deus.

VAZIA,

das nossas preocupações porque: Ele é o nosso pastor e nada nos faltará.

VAZIA,

da crueldade da morte, porque Nele temos vida eterna.

A cruz e o túmulo vazios, são provas

Incontestáveis da Glória do meu Senhor

Mas, nós, estamos cheios: da sua Graça,

do seu Perdão e do seu Amor!

Sione Rocha

segunda-feira, abril 18, 2011

AOS PÉS DA CRUZ

Não há dúvidas que, para nós cristãos, tanto o natal como a páscoa são as datas mais significativas do nosso calendário. A primeira nos fala da encarnação do Filho de Deus, do Deus-humanado que veio buscar e salvar o perdido. A segunda fala-nos do modo pelo qual o Cristo salva os pecadores e aponta-nos para o sacrifício, a obra vicária do Messias na cruz, e Sua ressurreição. Nesta reflexão me detenho na cruz. Ali Jesus enfrentou duras provas. Foi julgado e condenado de um modo injusto pelos homens, sofreu afrontas e foi pregado no madeiro. A declaração do autor aos Hebreus nos ajuda a entender a cruz ao afirmar que "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9.22). Na cruz Jesus, o Senhor, derramou o Seu sanguue, a Sua vida a fim de que encontrássemos a redenção, a reconciliação do pecador com o Criador. Jesus, estando na cruz, proferiu algumas frases, as quais são grande ensino para a nossa vida. Convido-o a colocar-se sob a cruz, aos pés da cruz, e ouvirmos as palavras de Jesus.
1. Aos pés da cruz ouvimos um brado de dor: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Houve um intenso sofrimento físico pelo qual Jesus passou. Açoites, coroa de espinhos, carregar o madeiro e as dores dos pregos cravados nos punhos e nos pés. Contudo, este não foi o maior sofrimento enfrentado pelo Salvador. A bíblia nos lembra das manifestações cósmicas naquele momento. A escuridão tomou conta da terra, lembrando-nos que o juízo de Deus caía sobre o Substituto dos homens na cruz. Sobre o Cordeiro de Deus caía o peso de todo o pecado, o peso de toda culpa da humanidade. Cumpria-se as palavras de Isaías e Jesus foi "traspassado por nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades". O pecado faz separação entre nós e Deus (Is59.2) e naquele momento o Cristo sentiu a dor da separação. Certo pastor afirmou: "Amaldiçoado, Jesus precisava suportar a solidão do pecado e da condenação, suportando a angústia do inferno, separado de Deus". É impossível compreender esse sofrimento. Mas, para os que são salvos, só resta-nos louvá-Lo, pois jamais enfrentaremos tal dor. Ele o fez por nós!
2. Aos pés da cruz ouvimos um brado de satisfação: Está consumado!
Que maravilhosa declaração: Está consumado! Não é afirmação de alguém que foi derrotado, mas a declaração de satisfação por completar o que veio cumprir. Ela resume toda a obra de Cristo. Foi feito o que era preciso fazer! O preço foi pago! Este é o sentido. A Lei de Deus estava plenamente cumprida e a Sua justiça satisfeita. Aquele grito queria dizer que a dívida estava paga. Por isso Paulo declara que não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus e que o escrito de dívida foi cancelado! (Rm 8.1 e Col. 2.14). A dívida satisfeita foi a dívida do nosso pecado. Porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23a). Mas, o dom gratuito de Deus é a vida eterna! (Rm 6.23b). Aleluia! A dívida foi paga e o pecado dos que crêem foi cancelado!
3. Aos pés da cruz ouvimos um brado de perdão: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o fazem.
Jesus dirige-se ao Pai e intercede pela multidão. Multidão que aglomerava-se para ver o espetáculo da crucificação. Multidão que O seguia em busca de pão, de curas e milagres. Multidão que O aclamou na entrada de Jerusalém, a mesma que gritava: Crucifica-O! E, agora, multidão que assistia Sua morte na cruz. Em nenhum momento Jesus declarou ser a multidão inocente, mas clamou pelo perdão do Pai. Perdão que poderia ser aplicado com base no Seu sofrimento e na satisfação da justiça de Deus pelo Seu sacrifício. Que nesta páscoa ouçamos a voz que ecoa da cruz: Cristo salva o pecador, Aleluia!

domingo, abril 17, 2011

NAS PROVAÇÕES: REFÚGIO! - Salmo 5


No fundamento do pecado original encontra-se o orgulho. Ele nos faz ter uma falsa idéia de quem realmente somos. “Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal”[1], esta é a oferta do diabo aos nossos pais no paraíso. Foram seduzidos a serem como Deus e, consequentemente, pecaram.
Em sua oração Davi revela-se humilde, o que o faz ter uma real visão de si mesmo. Embora fosse rei dirige-se a Deus dizendo: “Rei meu e Deus meu”. Esta é uma declaração de intimidade e, como Derek Kidner observou, “o emprego da palavra rei coloca a realeza no contexto certo. Aceita a verdade de ser ele um homem sujeito a autoridade, e não alguém que deve lutar em prol dos seus próprios interesses através dos seus próprios meios”[2].
Em sua dependência ele brada ao Senhor e refugia-se em Sua Soberania. Se Deus julgar o seu caráter está arruinado. Davi mesmo declarou em outro salmo: “Não leves o teu servo a julgamento, pois ninguém é justo diante de Ti”[3]. Por isso adentra a casa de Deus pela riqueza da misericórdia divina (ver vs.6,7). Diante de Deus clama por Sua justiça contra os adversários e suplica que o Senhor o guie, pois “ele não necessita apenas de conhecer o que é reto. Necessita de ver removidos todos aqueles obstáculos que poderiam impedi-lo de andar no caminho de Deus”[4].Davi ensina-nos que, nos momentos de nossas aflições, quando enfrentamos as adversidades e lutamos por viver de forma a agradar a Deus, devemos humildemente clamar por Seu auxílio, deixando em suas mãos os nossos inimigos. Diante das provações refugiamo-nos em Deus, “pois tu, SENHOR, abençoas o justo; o teu favor o protege como um escudo” (v. 12).





[1] Gênesis 3.5.
[2] Comentário do Livro de Salmos, p.73.
[3] Salmo 143.2.
[4] M`Caw, L.S., op. Cit., p.503.