segunda-feira, julho 05, 2010

VALENTINE BURKE

Lendo a biografia de um grande servo de Deus no século 19, D. L. Moody, me deparei com uma história curiosa e interessante. Valentine Burke, um homem que em 40 anos de vida, passara  20 anos cumprindo sentenças, nos mais variados lugares, pelos mais variados crimes, e que nutria um profundo ódio pelo carcereiro de uma aldeola de Illinois, chamada Filipos.
Certa manhã, lendo o jornal, encontrou a seguinte manchete: COMO O CARCEREIRO DE FILIPOS FOI APANHADO. Valentine pensou consigo: Ah! Então aquele bandido pegou o dele também! E pôs-se a ler todo o artigo. Contudo, esta manchete era o título que o jornalista havia dado ao sermão de Moody, transcrito no jornal. Furioso por não ser uma notícia policial e, sim, um sermão e que o carcereiro ainda permanecia desfrutando da liberdade, amarfanhou, amassou o jornal e atirando-o ao assoalho passou a pisoteá-lo com raiva. Porém, uma frase, que se repetia por nove vezes no sermão, lhe martelava a alma: CRÊ NO SENHOR JESUS E SERÁS SALVO, TU E TUA CASA.  Era quase meia noite quando, na cela de sua prisão, Valentine  caiu de joelhos e se entregou à misericórdia de Cristo. Crera no Senhor Jesus. Estava Salvo. O Xerife duvidou de sua conversão com ironia, quando informado. Mas depois de alguns dias teve de soltá-lo por falta de provas. Então, colocou um detetive no encalço de Burke na tentativa de colher provas para prendê-lo novamente. Valentine saiu pelo mundo à procura de um emprego e não encontrou. Quem haveria de confiar num gatuno tão conhecido. E mesmo quem não o conhecia , bastasse ver o seu rosto para recuar e dizer não, pois era um sujeito extremamente mal encarado. E ele mesmo desconfiado que não conseguiria nada, caiu de joelhos, em desespero de causa, e pediu a Deus que disfarçasse aquela feiúra. E assim partiu para Nova Iorque a procura de um emprego. Meses depois regressou e, ao desembarcar na estação em St. Louis, um agente policial colocando a mão sobre seu ombro pediu que o acompanhasse ao posto policial. Lá o Xerife perguntou por onde ele havia andado. Pelo que respondeu que havia estado em Nova Iorque em busca de emprego e havia trabalhado por uns tempos e agora sem serviço resolveu voltar. O xerife falou: Pois saiba que mandei vigiá-lo e o que você falou é verdade; mandei chamá-lo porque quero que você trabalhe aqui na polícia, como meu auxiliar. Em 1887 um sujeito recebeu duas fotografias bem diversas: uma a de um gatuno mal encarado, e a de um homem de fisionomia franca e boa, apesar da irregularidade dos traços. E um bilhete: Note a diferença nas fotografias que remeto. Veja quanto a nossa religião pode fazer pelo maior pecador.
A comunhão com Cristo dera ao ex-bandido uma nova personalidade, e até mesmo a expressão fisionômica fora transformada pelo poder dessa nova vida interior. Certamente esta história confirma aquilo que a Bíblia nos ensina: Se alguém está em Cristo é nova criatura, as coisas antigas já passaram e eis que se fizeram novas.  

"ACASO SOU EU TUTOR DO MEU IRMÃO?"

“Acaso sou eu tutor do meu irmão?” Esta é a resposta dada por Caim a Deus quando interrogado acerca de seu irmão Abel. Caim se mostrou sarcástico e irresponsável diante de Deus.
O mandamento divino nos ensina que se alguém é meu irmão, então eu sou seu tutor. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, declara-nos Jesus. E isto inclui que devo cuidar dele com amor e preocupar-me com o seu bem-estar.
Creio que a primeira evidência de um cristão cheio do Espírito Santo não é uma experiência mística particular, mas o nosso relacionamento prático de amor com as outras pessoas. Falar do amor em termos abstratos e generalizados é fácil, o que nos torna hipócritas por não vivermos aquilo que cremos. O que se requer do verdadeiro cristão é um agir concreto em situações que realmente demonstremos amor. Por isso Paulo nos exorta: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura (...) levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a Lei de Cristo (Gálatas 6.1,2).
O relacionamento entre cristãos deve ser marcado pelo serviço. Se meu irmão tiver um fardo pesado, devo ajudá-lo a carregar esse fardo. Se ele cair em pecado, devo restaurá-lo, fazendo-o com mansidão. Isto é amar! O Rev. Ray Stedman declara: “Levar os fardos um do outro significa pelo menos apoiar um ao outro em oração. Significa também estar disposto a gastar tempo, tentando compreender profundamente o problema da outra pessoa e se comprometer num certo esforço de aliviar tensões ou desânimo, ou de achar algum modo de ajudar financeiramente ou com um conselho sábio”. É através desta atitude que cumprimos a Lei de Cristo. A “lei de Cristo” é amar uns aos outros como Ele nos ama. Cristo deseja ver em nós qualidades do Seu caráter. Espera de nós ações que são de acordo com a Lei de Deus e com a mente do Espírito Santo de Deus.

UMA IGREJA RELEVANTE - Atos 2.42-47

Dias atrás escrevi sobre “O que é igreja?” Destacamos o fato de que a “igreja deve ser definida como a assembléia ou ajuntamento daqueles que foram chamados e separados, dentre todas as nações, pela livre e graciosa vontade de Deus, para se constituírem no povo de Sua propriedade pela fé em Jesus Cristo”. A igreja não é um prédio, mas “o povo de propriedade exclusiva de Deus”. E este povo deve ser sal da terra. E como sal deve impedir a deteriorização do mundo e, ao mesmo tempo, dar sabor. O Rev. Martin Lloyd-Jones acertadamente declarou: “A vida neste mundo tornar-se-ia insípida sem o cristianismo bíblico”. A igreja é extremamente indispensável ou necessária para a sobrevivência da sociedade. O que a torna relevante. Mas quais são as marcas de uma igreja relevante?
Para responder a esta questão quero convidá-lo a observar em nosso texto, as marcas que evidenciaram a relevância da igreja primitiva em sua sociedade. Não pretendo ter uma visão romântica, apaixonada da igreja primitiva. Era ela uma igreja com problemas e defeitos tanto quanto hoje. Contudo, havia nela sinais que a tornaram relevante em sua época. Marcas que devem estar presentes em nossa igreja para que sejamos relevantes em nossos dias também.
Em primeiro lugar, para ser uma igreja relevante precisamos ser uma igreja bíblica. Em Atos 2.42 lemos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos”. Esta é a primeira declaração que Lucas faz da igreja. Como afirmou J. Stott, em pentecostes o Espírito Santo abriu uma escola com três mil alunos e os apóstolos eram os mestres. Eles não estavam dispostos a desfrutar de uma experiência mística que os fizesse esquecer ou refletir sobre o que criam. Pelo contrário, eles se mostravam ávidos, desejosos de aprender tudo o que fosse possível. “Tinham fome da verdade e queriam sentar-se aos pés dos apóstolos e absorver seus ensinamentos... Aqueles crentes primitivos não pensaram que bastava para eles a presença do Espírito Santo em seu interior para conhecer a verdade. Não deram por certo que, por haver recebido a plenitude do Espírito Santo, este era o mestre que precisavam, e que poderiam prescindir dos mestres humanos. Não foi assim na igreja primitiva. Os novos crentes sabiam que Jesus havia nomeado aos apóstolos para que fossem mestres da igreja, e procuravam aprender todo o possível e perseveravam na sua doutrina”.
Mas, o que significa isso para nós hoje? O que é permanecer na doutrina dos apóstolos? Hoje não há apóstolos na igreja. Paulo, Pedro e outros tiveram uma autoridade única e singular ao ensinar a igreja e ninguém hoje tem essa autoridade. Quando Paulo escreveu aos Efésios declarou que a igreja está fundamentada no ensino dos apóstolos. Este ensino está registrado no NT. Ser uma igreja que persevera na doutrina dos apóstolos é ser uma igreja bíblica. A nossa relevância está proporcionalmente relacionada ao conhecimento bíblico que possuímos. Para ser relevantes é preciso estar fundamentada na Verdade das Escrituras. Só assim seremos sal da terra e faremos toda diferença em nossa sociedade.
Em segundo lugar, para ser uma igreja relevante precisamos ser uma igreja amorosa. Atos 2.44,45. Creio que estes versículos são perturbadores e desafiadores a nós hoje. Eles evidenciam o amor e o cuidado mútuo que deve existir entre os crentes. Será que Jesus quer que sigamos literalmente o ensino destes versículos? Creio que há cristãos que são vocacionados por Deus a uma pobreza voluntária. Esse foi o chamado do jovem rico. Ele foi convocado a vender tudo o que possuía e dar aos pobres. Vimos que há aqueles que recebem o dom da doação em nossa ED. Contudo se observarmos o texto, nem todos na igreja primitiva venderam suas propriedades, pois a igreja se reunia de casa em casa. O que é preciso destacar é a generosidade da igreja, a evidência do amor de uns para com outros no cuidado para que ninguém sofra privações e necessidades. E esse princípio é permanente e deve ser real em nossos dias.   O Rev. J. Sott afirma:     
“O primeiro fruto do Espírito Santo é o amor. Em particular, a igreja primitiva cuidava dos pobres, e compartilhava com eles parte de suas possessões. Esta atitude deve caracterizar a igreja em todos os tempos. A comunhão, a disposição de compartilhar, generosa e voluntariamente, é um princípio permanente. A igreja deveria ser a primeira entidade no mundo na qual se abolisse a pobreza. Conhecemos as estatísticas. O número de gente que vive na miséria, sem cobrir as necessidades básicas para sobreviver, é aproximadamente de um bilhão. A média dos que morrem de fome cada dia é de dez milpessoas. Como podemos viver com estas estatísticas? Nós cristãos que vivemos em países mais ricos devemos ajustar nosso estilo de vida e viver com mais simplicidade. Não porque cremos que isto vai solucionar os problemas macroeconômicos do mundo, senão por solidariedade com os pobres”.
Em terceiro lugar, para ser uma igreja relevante precisamos ser uma igreja evangelizadora.  Lemos que o Senhor acrescentava dia a dia os que iam sendo salvos. E o método que Deus usa para salvar as pessoas sou eu e você. Paulo indaga: “Como crerão se não há quem pregue?”
“O ensinamento, o testemunho diário dos membros da igreja e sua vida de amor aos demais, são os meios que Deus usa para fazer chegar Sua mensagem ao mundo. Porém quem salva e incorpora novos membros a Sua igreja é Jesus Cristo”.
Este é um ministério que todos nós devemos estar envolvidos. Se a cada ano nós nos envolvermos na evangelização de uma única pessoa, orarmos por ela, com ela e, em cada oportunidade aberta, falamos do amor de Cristo em favor de pecadores, Deus pode nos usar para convertê-la e no próximo ano teríamos o dobro de membros. Você tem testemunhado da salvação que há em Cristo Jesus? Não precisamos ser especialistas na Bíblia, mas testemunharmos da mudança que Deus operou em nós e da nova vida que Dele recebemos. Se não nos envolvermos nesta obra, neste trabalho não iremos crescer. A nossa responsabilidade é pregar, testemunhar, falar e o Senhor acrescentará os que serão salvos.
Ao olharmos para a igreja em Atos vemos uma igreja relevante em sua época. E se queremos ser relevantes precisamos ser uma igreja bíblica, amorosa e evangelizadora. Que Deus nos ajude e nos use.


*Este texto é uma adaptação do capítulo 1 do livro "Sinais de uma Igreja Viva" do Rev. John Stott